O Feng Shui é uma antiga prática chinesa que busca harmonizar os ambientes de acordo com os fluxos naturais de energia, ou “chi”. No contexto da arquitetura e design de interiores, a técnica proporciona um conjunto de princípios que ajudam a criar espaços equilibrados, saudáveis e que promovem o bem-estar dos ocupantes. Abaixo, destacamos os principais conceitos aplicados a projetos arquitetônicos, como cada um deles pode ser utilizado para maximizar o fluxo positivo de energia em um ambiente e o que devemos pensar na hora de projetar.
1. Chi (Energia Vital)
O conceito central do Feng Shui é o “chi”, a energia vital que flui por todos os ambientes. A ideia é que o chi deve circular livremente, sem bloqueios ou estagnações, para manter o equilíbrio e a vitalidade do espaço. Para isso, é importante projetar um espaço de modo a evitar obstáculos físicos, como móveis que obstruem as passagens, e promover uma disposição harmoniosa que permita o movimento fluido da energia.
Ao fazer um projeto nós vamos precisar entender como essa energia Chi se move e permeia os espaço. Se ficar mais fácil de você entender, visualize uma maquete num túnel de vento, é assim que o chi flui. Onde temos bloqueios o ar não passa, onde temos alinhamento de duas portas ele passa direto e reto e outros casos ele entra e flui com suavidade por todo o ambiente. É esse equilíbrio energético que vamos buscar na hora de projetar!
2. Yin e Yang
Outro conceito fundamental é o equilíbrio entre as forças opostas e complementares do yin e do yang. O yin é associado à energia feminina, suave, escura e passiva, enquanto o yang representa a energia masculina, brilhante, ativa e forte. Um ambiente harmonioso deve ter um equilíbrio entre essas duas energias.
Por exemplo, ao projetar um espaço de descanso como um quarto pode ter mais elementos yin (cores suaves, iluminação indireta), enquanto uma sala de estar pode incorporar mais elementos yang (iluminação intensa, cores vibrantes). Tudo vai depender da energia e da intenção que queremos dar ao projeto e como isso vai impactar positivamente ou negativamente a vida dos moradores!
3. Os Cinco Elementos
O Feng Shui trabalha com cinco elementos — madeira, fogo, terra, metal e água — que interagem entre si em ciclos de criação e controle. Eles nada mais são do que a manifestação da energia chi na matéria, por isso são os 5 elementos da medicina tradicional chinesa e não os 4 elementos ocidentais.
Nosso dever é equilibrar esses elementos no projeto de um ambiente para promover harmonia e saúde. Em um projeto de arquitetura, os elementos podem ser representados por materiais, cores e formas:
Água: representa calma e introspecção, podendo ser incorporada por fontes de água, espelhos, vidros, cores escuras (azul e preto) e formas amorfas ou onduladas.
Madeira: representa crescimento e vitalidade, e pode ser integrada através dos tons da cor verde ou azul, das vegetações, móveis de madeira e formas cilíndricas verticais.
Fogo: associado à energia e à paixão, pode ser incorporado por meio de luz, cores como vermelho e laranja, e formas triangulares.
Terra: simboliza estabilidade e nutrição, e é representada por cerâmicas, pedras, cores nos tons amarelo e terrosos e formas quadradas.
Metal: relacionado à clareza e precisão, pode ser adicionado com o uso de metais, pedras, cores como branco e cinza, e formas circulares.
4. O Baguá
O Baguá é uma grade energética utilizada no Feng Shui para localizar e harmonizar as diferentes áreas de um ambiente de acordo com os nove setores que representam diferentes aspectos da vida (família, prosperidade, saúde, sabedoria, trabalho, relacionamentos, criatividade, sucesso e amigos). Ao sobrepor o Baguá na planta do projeto, é possível identificar quais áreas precisam de atenção específica e ajustar a disposição do espaço, cores, elementos e móveis para equilibrar a energia.
Além disso, vamos entender as questões nos Guás, ou seja, onde temos banheiros, fogão, espaços de trabalho, piscinas e outros pontos importantes que podem entrar em conflito com algumas dessas áreas e que temos que evitar ao projetar um espaço.
5. Uso da Luz Natural e Ventilação
A luz natural é um elemento poderoso no Feng Shui, pois representa o fluxo saudável de energia vital. Projetos arquitetônicos devem maximizar a entrada de luz natural, com o posicionamento e o dimensionamento estratégico de aberturas. Além disso, a ventilação natural é crucial para manter o ar fresco e a energia circulante, evitando estagnação.
Então haja o que houver, evite ao máximo projetar espaços sem janelas, ok?
6. Desordem e Organização
A desordem é vista como um bloqueio do chi no Feng Shui. Ambientes desorganizados acumulam energia, que fica estagnada, afetando negativamente o bem-estar dos ocupantes. Além disso, é importante observar quais locais estão desordenados para avaliar em qual área (guá) ele está, pois isso demonstra que pode existir alguma questão, alguma “desordem” ligada a essa área na vida da pessoa. Por isso, manter o espaço limpo e organizado é essencial e o nosso papel ao projetar, além de criar móveis onde a pessoa consiga se organizar, é mostrar para o cliente a importância desse assunto!
7. Organização do layout dos espaços
A disposição dos móveis em um espaço não é apenas uma questão estética ou funcional. No Feng Shui, o layout reflete como as pessoas se posicionam em relação à vida. Um dos conceitos mais importantes nesse aspecto é a posição de comando.
A posição de comando garante que, ao se sentar ou dormir, você esteja em um lugar estratégico, de onde possa ver a entrada do ambiente sem estar diretamente alinhado a ela. Isso traz uma sensação de segurança e controle, impactando diretamente o estado mental e emocional dos moradores.
Por exemplo, uma cama ou mesa de trabalho posicionada sem visibilidade para a porta pode gerar sentimentos de vulnerabilidade ou ansiedade, mesmo que de forma inconsciente. Por outro lado, quando a posição de comando é respeitada, cria-se uma base de estabilidade e tranquilidade, permitindo que as pessoas se sintam mais confiantes e focadas.
8. Escolhas de cores e revestimentos adequados
As cores são muito mais do que elementos visuais; elas têm o poder de influenciar nossas emoções, comportamentos e até mesmo nossa saúde. No Feng Shui, a escolha de cores para os ambientes não é aleatória, mas estratégica. Cada tonalidade carrega uma vibração única, que interage com o emocional das pessoas e pode ajudar a criar diferentes atmosferas nos espaços.
Quando entramos em um espaço, as cores têm um impacto imediato, mesmo que não percebamos conscientemente. Elas podem:
- Aumentar ou diminuir a energia: Tons vibrantes estimulam, enquanto tons suaves acalmam.
- Influenciar emoções: Cores quentes (como vermelho e laranja) são acolhedoras e estimulantes, enquanto cores frias (como azul e lilás) são introspectivas e relaxantes.
- Alterar nossa percepção de espaço: Tons claros ampliam visualmente os ambientes, enquanto tons escuros os tornam mais aconchegantes.
A escolha das cores deve considerar não apenas o estilo do ambiente, mas também o estado emocional desejado.
9. Energias nocivas não visíveis
Nem todas as energias que afetam os ambientes são visíveis. O Feng Shui ensina que espaços carregam memórias e vibrações, tanto positivas quanto negativas.
- Energias de predecessores: A história de quem viveu em uma casa ou trabalhou em um escritório antes pode influenciar o ambiente. Por exemplo, locais que passaram por conflitos ou dificuldades podem reter essas vibrações, impactando os novos ocupantes.
- Energias de pessoas mal-intencionadas: A presença ou ações de pessoas com intenções negativas também podem deixar marcas energéticas no ambiente. Isso pode criar uma sensação de peso ou desconforto, mesmo sem uma causa aparente.
Para lidar com essas energias, o Feng Shui utiliza técnicas de limpeza energética, para restaurar o fluxo harmônico do chi.
Conclusão
Os conceitos do Feng Shui aplicados a projetos de arquitetura não se limitam a uma estética específica, mas abrangem práticas que promovem o equilíbrio energético e o bem-estar dos ocupantes. Através do uso inteligente do espaço, materiais, luz, cores e elementos naturais, é possível criar ambientes que não apenas sejam visualmente agradáveis, mas também ofereçam conforto, saúde e boas energias a todos que os habitam.
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